Trabalhos Desenvolvidos

15 de junho de 2012

Espetáculo Passagem




O espetáculo PASSAGEM, que ocorrerá nos dias 19 e 20 de junho, no Teatro Municipal Pedro Parenti, às 20h30 min, lança o DVD homônimo que foi contemplado pelo edital FINANCIARTE de 2010, da Secretaria Municipal da Cultura de Caxias do Sul e tem direção artística de Gustavo Viegas e produção cultural da Tum Tum Produções. Os músicos que compõe o espetáculo são André Viegas - guitarra, harpa de vidro, Gustavo Viegas – baixo, edu, berimbau e harpa de vidro, João Viegas – percussão e harpa de vidro, Gabriel Lopes – piano, Lucas Ceconi - percussão e Rodrigo Maciel – violino.



PASSAGEM nasceu a partir da característica mais comum aos brasileiros: a mistura. ‘Miscigenando’ linguagens, o projeto uniu vídeo, texto e música para ilustrar o ciclo de vida de um indivíduo, desde o nascimento até a morte e a "passagem" para um outro mundo. As filmagens foram realizadas no Auditório do Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul. O material de áudio e vídeo foi captado simultaneamente para garantir que a performance registrada fosse a verdade do projeto até então. Na pós-edição, foram acrescentadas vinhetas de vídeo e textos que ajudam a marcar as fases a que cada música se refere.



Para chegar ao resultado do DVD o Projeto Passagem constituiu-se em uma pesquisa de música e cultura indígena e afrodescendentes no Rio Grande do Sul, financiada pelo edital Bolsa Estímulo à Criação da FUNARTE, em 2009. Foram visitadas reservas Kaigang e Guarani e Casas de Batuque, religião afrodescendente predominante no estado do RS, nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul, Cacique Doble, Viamão, Mato Preto, Canela e Osório com o objetivo de compreender um pouco o papel da música e da ritualística presentes em suas respectivas culturas e daí retirar material para a composição de um espetáculo. A história de vida dos entrevistados deu o tom para as composições que vieram a seguir. Os temas musicais foram compostos por Gustavo Viegas e André Viegas de modo a ilustrar, em forma de histórias sonoras, as crenças e mitos das culturas em foco, sob uma ótica contemporânea e urbana. A mistura de influências, tão característica em nossa própria cultura, serve de fio condutor para o trabalho, que busca representar musicalmente a passagem de um indivíduo por um ciclo de vida. 



As músicas foram compostas como histórias sonoras, utilizando cantos Guarani e Kaingangs e ritmos de Batuque do Rio Grande do Sul como inspiração para tratar do tema. A instrumentação para algumas das músicas do trabalho partiu da influência Guarani, utilizando, entre outros instrumentos o violão (mba’epú) e o violino que simboliza a Ravé – espécie de rabeca construída por eles. Da cultura Kaigang foi usada a melodia pénkrig tynh kãme que ilustra a história de uma formiga cantando a alegria de trabalhar, ela costura as músicas do espetáculo e remete ao trabalho que temos durante nossa ‘passagem’ por este mundo, também foi utilizado o kujá ta vãser kri tynh kãme que é um canto do Kuiã (pajé) para as pessoas que já partiram. A parte rítmica das composições teve inspiração nas ‘pancadas’ nos tambores do Ilú, tambor utilizado no Batuque, religião afrodescendente cultivada no Rio Grande do Sul, apresentadas ao grupo pelo tamboreiro Antônio Carlos de Xangô, de Viamão.

A música “Mercado das IIusões” integra o espetáculo e marca a fase da adolescência, utilizando um canto para Oyá, Orixá guerreira do Batuque responsável pelos ventos e tempestades, como melodia principal. Já a primeira parte de “Cortinas Abertas” representa a fase adulta, complexa e intensa. A segunda parte representa a velhice, e com a experiência, a compreensão do real significado da vida. A música “Despedida” representa a passagem para o outro mundo e utiliza a melodia de um canto kaigang de adeus aos entes queridos que já partiram como inspiração. “Campo das Pimenteiras” é a última música do trabalho e marca a etapa no “outro mundo”. O nome desta música é uma homenagem a uma das entrevistadas para o projeto, a dona Rosa. A senhora, que dizia ter 102 anos, descendente de escravos e moradora da Reserva de Cacique Doble, nos contou um episódio de sua vida onde ela morreu, foi para o céu e passeou por um campo de pimenteiras,até acordar de novo sendo velada pela família.

As influências musicais dos compositores e intérpretes, somadas às melodias e ritmos da terra, fazem alusão às crenças dessas culturas, colocando-as de encontro a uma visão urbana e contemporânea. Cada etapa do ‘caminho’ ganha uma trilha sonora recheada de referências aos cantos e toques pesquisados que, somadas às referências musicais dos intérpretes, umas pitadas de experimentação e textos que pontuam as fases de vida, nos remetem ao nosso próprio caminho: miscigenado, livre, mutante e, acima de tudo, mágico.


Ficha Técnica:

Direção Artística: Gustavo Viegas



André Viegas - guitarra, harpa de vidro

Gustavo Viegas – baixo, edu, berimbau e harpa de vidro. 

João Viegas – percussão e harpa de vidro

Gabriel Lopes - piano
Lucas Ceconi percussão
Rodrigo Maciel - violino

Concepção e operação de luz: Rafael Schizzi

Operador de projetor: Rafael Schizzi

Técnico de som: Marcel Van Der Zwam

Técnico de palco: Diego Robério Ribeiro

Projeto gráfico: Roberta Viegas

Produção Cultural: Tum Tum Produções



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